domingo, 2 de setembro de 2012

"A mais bela muralha" de Orange

As civilizações romanas e gregas sempre causaram um grande fascínio ao comum dos mortais, que em pleno século XXI se admira ainda com tão grandiosas obras. Parece ser o caso de Orange, que para mim não passava de mais uma cidade a caminho de Nîmes e não muito afastada de Avignon. Pois enganei-me desde o momento em que pisei o Teatro Antigo de Orange.

É conhecido como sendo um dos mais bem preservados do mundo, apresentando várias particularidades. A que salta mais à vista é o telhado de madeira, que cobria praticamente todo o recinto, mas que devido a um grande incêndio e à deterioração da fachada, obrigou à reconstrução da cobertura que agora apresenta apenas uma meia lua. Depois há a sua fachada imponente que era ornamentada por cerca de 70 colunas. Hoje restam poucas e a figura central que se crê seja do imperador Augusto, pode ter sido anteriormente a de Apolo, o deus do sol. Roma tinha o seu repositório de estátuas e por vezes bastava só que a cabeça, amovível, fosse substituída por uma diferente. E eis um novo imperador ou deus, conforme a necessidade!

O Teatro de Orange serviu de refúgio, foi prisão e mercado, hoje e passados mais de dois mil anos só as três primeiras bancadas se mantém originais. Era aí que se sentavam os poderosos, estando as bancadas superiores reservadas aos escravos. Mas todos, sem excepção, tinham acesso à cultura gratuitamente.

Sentada na imensidão de bancadas brancas fico a imaginar a multidão em delírio e só os 35 graus me fazem voltar às grutas do teatro, onde a temperatura é espantosamente baixa e eu ganho energias para continuar a visita.

O audio-guide, disponível também em português,é uma peça fundamental. Só assim é possível termos uma ideia tão clara de como era o Teatro de Orange e das suas gentes há muitos, muitos anos atrás.








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