sábado, 25 de julho de 2009

Ando a devorar isto:

«Um ambulância passou na rua por baixo de nós e imaginei quem iria dentro dela e o que lhe teria acontecido. (...) E que tal um aparelho que estivesse a par de toda a gente que nós conhecêssemos? Assim, quando uma ambulância passasse lá em baixo da rua, teria um grande sinal luminoso no tejadilho a dizer:

NÃO SE PREOCUPEM! NÃO SE PREOCUPEM!

se o aparelho da pessoa doente não detectasse por perto o aparelho de outra pessoa que a conhecesse. E se o aparelho detectasse o aparelho de alguém que o doente conhecesse, a ambulâncica podia apagar e acender com o nome da pessoa que ia dentro dela, e então mostrar

NÃO É NADA DE GRAVE! NÃO É NADA DE GRAVE!

ou, se fosse alguma coisa grave,

É GRAVE! É GRAVE!

E talvez fosse possível classificar as pessoas de acordo com o grau de amor que sentíssemos por elas, de modo que se o aparelho da pessoa na ambulâncida detectasse o aparelho da pessoa a quem ela amava mais, ou da pessoa que a amava mais a ela, e a pessoa na ambulância estivesse mesmo mal, e até talvez fosse morrer, a ambulância podia ter um letreiro a apagar e a acender que dissesse:

ADEUS! ADORO-TE! ADEUS! ADORO-TE!

Uma coisa agradável de pensar é em alguém que fosse a primeira pessoa numa série de listas de pessoas, de modo que quando estivesse a morrer, e a ambulância percorresse as ruas até ao hospital, iria todo o tempo a apagar e a acender

ADEUS! ADORO-TE! ADEUS! ADORO-TE! »


in "Extremamente Alto e Incrivelmente Perto", Jonathan Safran Foer

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