Armin parece estar
familiarizado com o funcionamento e explica como posicionar o corpo e
usar a mira. É estranho segurar uma arma tão mortífera. Notando o
meu ar pouco à vontade, pergunta-me se não serei uma espia e
tranquiliza-me: "A guerra já acabou! Agora só há corrupção."
A palavra que anda na boca de todos, sobretudo dos mais jovens que
acusam o Governo pelo estado da nação. A Bósnia possui três
presidentes e 14 ministros. Um número generoso para um país de
dimensões tão pequenas.
Mas ir a Sarajevo é
sobretudo não esquecer a guerra. Há ainda edifícios cravados pelas
balas e uma chama acesa 365 dias para lembrar as milhares de vítimas.
O Túnel da Esperança, única forma de abastecer a cidade durante do
cerco de 92/95 e a cidade olímpica, palco de batalha, são
reminiscências de um passado assustadoramente recente.
Não obstante à importância
de cada esquina, numa cidade com as medidas certas, a Galeria
Memorial de Srebrenica é indubitavelmente um dos locais mais
comoventes. A 11 de Junho de 1995, nesta localidade que faz fronteira
com a Sérvia, ocorreu um dos piores genocídios depois da II Guerra
Mundial. O massacre de mais oito mil bósnios muçulmanos, a maioria
homens e rapazes, pelas mãos do exército Bósnio da Sérvia. Com as
cheias que se abateram em Maio e que fizeram subir o nível das
águas, foram descobertos mais corpos.
Ver as fotos de Tarik
Samarah e ouvir os testemunhos dos sobreviventes deixa-nos com um nó
na garganta. Quando saímos já não somos os mesmos.
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